Berlim: Museu Pergamon e DDR

Em Berlim encontramos uma infinidade de museus e escolher um ou dois é tarefa difícil, mas nas pesquisas que fiz me chamaram atenção o Museu Pergamon e o DDR Museum. Gostei muito deles e conto para você como foi a visita.

Altes Museum- um dos museus da Ilha dos Museus

Onde fica o Pergamon Museum




Ele faz parte da Ilha dos Museus composta por: 
Você pode comprar um pass que te dá direito a visitar os cinco museus da Ilha e vários outros em Berlim durante três dias. Não comprei o pass pois só tinha interesse em visitar 2 museus: o Pergamon e o DDR. Como era inverno, deixei para visitá-lo no final da tarde e a visita durou mais ou menos umas 2-3 horas. É muita coisa para ver!

O Museu Pergamon, o Louvre e o Britânico estão entre os principais do mundo ao apresentar a história antiga. Não é à toa que o Pergamon é o mais visitado de Berlim!

Ele é dividido em 3 partes:

Arte do Oriente Médio no Pergamon


Portal de Ishtar e Via Processional

Se atribui a Nabucodonosor II, rei citado na Bíblia no livro do profeta Daniel, uma das grandes construções do Oriente Médio: a Porta de Ishtar e a Via Processional também chamada de Caminho de Procissões. Para quem visitava a cidade de Babilônia era algo inesquecível, um portal imenso e decorado com figuras de touros e dragões. Tive o mesmo impacto. A porta original teria três vezes o tamanho da Porta exposta no museu e foi construída por volta de 575 AC.

Porta dedicada a deusa da fertilidade
O Caminho era ladeado de tijolos azuis com desenho de touros e dragões e tinha cerca de 1 km. Vários destes tijolos são originais, outros foram reproduzidos. Imaginei atravessando um portal enorme e caminhando por quase 1 km entre figuras de animais poderosos. O objetivo era esse: embelezar a cidade e mostrar o poderio do rei.

Figuras nos tijolos da Via Processional

Fachada do salão de Nabucodonosor II, rei de Babilônia
Num cantinho da sala vi a pedra com o código de Hamurabi, um conjunto de leis escrito na pedra, encontrado pelos francese na Mesopotâmia em 1901. Esta se trata de um réplica, pois o original está no Museu do Louvre, Paris.

Arte da Antiguidade Clássica no Pergamon


Fachada do Mercado de Mileto

Mileto foi uma cidade da Ásia menor, atual Turquia, que tinha um comércio forte com o Egito e Oriente. Seus produtos de lã eram muito conhecidos, como também seus filósofos, entre eles Tales, pai da geometria, da astronomia e das filosofias gregas.

Os alemães trouxeram as ruínas desta monumental entrada para Berlim em 1908 e reforçaram suas estruturas com ferro e argamassa que suportaram os bombardeios da Segunda Guerra em 1945.

Fachada do Mercado de Mileto
O apóstolo Paulo passou por Mileto por volta de 56 EC quando estava a caminho de Jerusalém.

As obras ao redor da Porta do Mercado são muito interessantes, entre elas, figuras dos imperadores.

Imperador Trajano
Altar de Pérgamo

Este monumento dá nome ao museu e é sem dúvida sua maior atração. É considerado uma das grandes construções da arte helenística e foi edificado no Século 2 antes de Cristo no reinado de Eumenes e é dedicado a Zeus. Uma expedição liderada por Carl Humann levou 8 anos em escavações na Turquia para trazer pro museu de Berlim as achados arqueológicos e assim reconstruir o altar.

Altar de Pérgamo
Ao redor da sala vi esses pedaços arqueológicos que são frisos do Altar de Pérgamo desenterrados por volta de 1878 a 1886. Cada parte representa a batalha entre os deuses e gigantes da mitologia. Observe as expressões dos personagens. Nenhuma é igual a outra.

Procure deuses e perceba suas expressões
E onde se localizava o Altar de Pérgamo?

Acrópolis de Pérgamo que ficava no alto de uma colina e possuía uma Biblioteca, Teatro e o Altar que está no lado direito da foto acima.

Maquete do Altar de Pérgamo
Algo que é muito destacado no museu é o trabalho de arqueologia. Para mim, foi importante perceber a valorização não só das obras como também dos profissionais envolvidos neste gigantesco projeto que envolveu trazer para Berlim os achados da Suméria, Assíria e Babilônia, hoje atuais, Iraque, Síria e Turquia. Com certeza, foi um trabalho meticuloso e lento. Ao refletir sobre as obras expostas neste museu, percebi que tudo é monumental. Não há só peças soltas, mas a reconstrução de monumentos.

Além disso, tem a parte do acervo de cultura Islâmica que só dei uma olhada pois já estava com a mente sobrecarregada de informação(rs). Mas achei muito interessante e as obras são belíssimas.

Em Setembro de 2014 o Museu Pergamon fechou a ala do Altar de Pérgamo para restauração até 2019 (previsão), mas você pode visita outras seções do museu.

Museu Pergamon
Bodestraße 1-3, 10178 Berlin
Horário: Segunda- Domingo 10h- 18h
Quinta 10h - 20h
Valor: 12 Euros

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DDR MUSEU


Este museu expõe como era a vida na Alemanha socialista quando havia o Muro que separa Berlim. A sigla, Deutsche Demokratische Republik, dá nome ao museu que fica aqui:


Em 2008 foi eleito o Museu do Ano e é mantido 100% com a venda dos ingressos.



Fui em um domingo e peguei uma pequena fila. Por ser um museu interativo, você pode por exemplo entrar no Trabant ou Trabi que era um carro de fibra usado na Alemanha Oriental. Para adquirir um carro desse você teria que solicitar ao governo e levar uns 15 anos para receber. Os privilegiados, lógico, tinham prioridade.


Trabant- carro utilizado na Alemanha Oriental
O desempenho deste carro era baixíssimo veja:
Capacidade do tanque: 24l/ Velocidade máxima: 100km
Além disso, por ser de plástico era um veículo frágil. Outro fato interessante foi que depois da queda do muro muitos abandonaram seus Trabi, como era carinhosamente chamado, nas ruas pois viram que eram muito ultrapassados.

Há também expostos a linha de cosméticos desenvolvida para jovens da Alemanha Oriental, a Florena Action, fundada em 1852.
Estilo jovem da Berlim Oriental
Encontramos o modelo de motocicleta da marca Simson produzido em 1979 ainda com pintura original. A empresa que fabricava essa scooter foi controlada primeiro pelos nazistas e depois pelos comunistas.

Simson de 1979 com pintura original
Vemos assim, que os socialistas desenvolveram seus produtos para atender a demanda da população pois a Alemanha Ocidental era capitalista e aberta as novidades. Ou seja, durante a divisão de Berlim pelo Muro, pessoas do lado comunista só conheciam um determinado produto, viviam de uma determinada maneira.

Este equipamento abaixo exemplifica como a vida das pessoas eram vigiadas na Alemanha Oriental. O departamento do governo responsável por isso era o Ministério de Segurança do Estado ou Stasi. Ele controlava tudo na vida dos alemães, além de criar um clima de desconfiança e medo. O objetivo era saber de antemão o que as pessoas pensavam acerca do governo.
câmera de vigilância
Abaixo você ver uma fotografia de Katarina Witt, uma grande patinadora da Alemanha Oriental que ganhou projeção internacional e vários campeonatos mundiais. Isso engrandecia a Alemanha comunista. A Stasi vigiava fortemente sua vida e patrocinava sua moradia, viagens e trabalho para ela não desertar. Ao mesmo tempo ela teria que dividir parte dos seus ganhos com a Stasi.

Uma patinadora excepcional representante da Alemanha Oriental
E o que proporcionava tamanho desempenho a Katarina Witt?

Turinabol- esteróide muito utilizado pelos atletas alemães
Naquela época não existia exame anti dopping, assim era comum o uso de drogas como esta. O Turinabol foi primeiramente usado nos atletas alemães que melhoraram seu desempenho e obtiveram grandes resultados nas competições.


A cena acima mostra a cultura da nudez como ato de liberdade. Engraçado, para não dizer distorcido, um regime comunista, de repressão e proibições, permitir a nudez como símbolo de liberdade. E assim foi na Alemanha Oriental, vários lagos e praias do Mar Báltico e do Norte eram destinos de nudismo.

São mais de 200 mil objetos expostos doados e que estão catalogados pelo DDR Museu. É uma oportunidade única de descobrirmos como era o cotidiano na antiga República Democrática Alemã sob o comando da antiga União Soviética. Tive a honra de visitá-lo na companhia de uma alemã que foi me explicando alguns aspectos da vida diária daquela época.

Sugestão: se puder, assista ao filme Adeus Lênin que apresenta a família de Kathrin Sass, professora identificada com o regime de orientação soviética, que sofre um ataque cardíaco e fica em coma durante um longo período. Quando Kathrin acorda o Muro já caiu. Daí, os filhos farão de tudo para preservar o apartamento como se eles ainda estivessem sob o comando da RDA para que sua mãe não tome um susto com aquela mudança drástica de governos.

DDR Museum
Karl-Liebknecht-Str.
Ás margens do Rio Spree
10178 Berlim
Horário:Segunda/Domingo:10h as 20h
Sábado: 10h as 22h
Aberto todos os dias.
Valor: 7 euros na bilheteria/ 6 euros online

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