Quando penso em escrever sobre a Bahia, fico tentada a não ser "nacionalista", rsrs. Mas a cada lugar que visito e relembro do meu estado, tenho a sensação de que não preciso de muito para curtir a essência da nossa Bahia e que não preciso visitar lugares considerados badalados ou extravagantes. A beleza está na simplicidade e Barcelos do Sul nos mostrou isso.
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A serenidade da Baía de Camamu... |
Deixamos o carro em Camamu e fomos de lancha para a Península de Maraú, porém, no outro dia, retornamos para pegar o carro. Mais liberdade e economia. De Camamu descemos para a Península e visitamos Barcelos do Sul. Na BA-001 tem um mirante, na verdade, uma passarela da qual temos uma vista muito legal da Baía de Camamu. Veja como chegar em Barcelos do Sul no mapa abaixo:
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Como chegar em Barcelos do Sul desde Camamu |
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Vista para a Baía de Camamu desde o mirante da BA-001 |
Depois, fiquei curiosa para saber a história do local. Encontrei pouquíssima informação. Na verdade um estudo de caso da Vanessa Dócio* e que tráz ricas informações sobre a formação deste povoado:
"A
origem histórica deste povoado indica que ele teve início nas terras da antiga Capitania de São
Jorge dos Ilhéus, a partir do aldeamento jesuítico de Nossa Senhora das Candeias, fundado
pelos padres jesuítas no território do Fundo das Doze Léguas, sesmaria doada por Mem de Sá
– então terceiro governador geral do Brasil – ao Colégio dos Jesuítas da Bahia em 1562."
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Entrada de Barcelos do Sul |
Antigos viajantes ( seriam eles blogueiros??) e relatórios oficiais citam a povoação, como exemplo, o relatório do ouvidor da Bahia, Luís Freire de
Veras, que menciona a "aldeia de Nossa Senhora das Candeias, contudo, a
localização original do aldeamento não é a conhecida atualmente, pois este teria sido fundado
primeiro às margens do rio Aldeia Velha, dali sofreria várias mudanças de sítio3
até se
estabelecer em definitivo no local atual."
O motivo do deslocamento do aldeamento foram os intensos ataques dos holandeses, assim se conclui que o povoado de Barcelos do Sul já existia na primeira metade do
século XVII.
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Igreja de Nossa Senhora das Candeias |
Com a proibição do Marquês de Pombal de se formar novos aldeamentos, a povoação de Nossa Senhora das Candeias foi elevada a condição de Vila com o nome de Barcelos do Sul. "Contudo, ao final do século XVIII a
Vila de Barcelos do Sul já havia sido extinta e a localidade incorporada ao território da Vila
de Camamu."
Pois é, o pouco que descobrir in loco e nos escritos sobre este local reforça a idéia inicial do post: a beleza está na simplicidade.
Para quem trafega pela BA-001, a entrada de Barcelos é sinalizada e se percorre uns 12 km ou menos. Primeiro, por uma estrada bem asfaltada e depois, por uma de terra. Mas o trecho de terra é pequeno. Daí, chegamos em Barcelos e perguntamos onde ficava a vista para o Rio. Nos indicaram o lugar e seguimos em direção à Igreja e lá estava, deslumbrante e charmosa a Baía de Camamu. A segunda maior baía do Brasil.
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Após o desvio na BA-001, estrada que leva à Barcelos, primeiro trecho asfaltado... |
Quando chegamos percebemos a tranquilidade do lugar. Um senhor sentado no batente alto da casa, que mexia em seu material de pesca. Depois, se aproximaram algumas crianças e ficaram por ali brincando. Da parte mais baixa do terreno subiam crianças, mulheres, homens, gato, cachorro e papagaio que despertaram nossa curiosidade. É um porto usado pela população para se locomover pela Baía de Camamu. Não poderíamos ficar só observando, descemos uma parte bem íngreme, mas que vale o esforço. Até hoje, não me sai da mente aquele lugar escondidinho, simples, com bancos de madeira sob a sombra das mangueiras. Nada de gritaria, nada de som de carro ( aliás só o som do bar que nem petiscos vendia), nada de pressa. Mas infelizmente tínhamos que partir, precisávamos chegar em Taipu de Fora antes do anoitecer, pois não conhecíamos a estrada.
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Porto de Barcelos e uns banquinhos de madeira sob a sombra das mangueiras. Leve um lanche, uns petiscos para passar o tempo e jogar conversar fora. |
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O tradicional e o moderno: canoa de madeira com motor |
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as catraias circulando pelo Rio Maraú |
Voltamos
para o "centro" do povoado à procura de um restaurante e encontramos o
de dona Dédé, aliás, o único que estava aberto, local simples. Parecia
que era uma casa e que ela transformou num restaurante apenas colocando
as mesas. E ali comemos uma moqueca de aratu maravilhosa. Comemos bem ( 3 pessoas) e pagamos pouco, R$40. E
ainda de graça nos serviram um suco de biribiri.
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Moqueca de Aratu catado |
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Restaurante de Dona Dédé |
De pança cheia,
seguimos para Taipu de Fora e constatamos que na Bahia, quanto mais
simples, melhor fica!
*Vanessa Dócio: Pós-graduanda em História do Brasil pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC. Pesquisadora do
Núcleo de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da Bahia – NEPAB, e do Centro de Referência em Patrimônio e
Pesquisa – ACERVO.
A romaria de Barcelos do Sul é realizada dia 1º de Fevereiro.
Para acessar o estudo de caso completo, clique aqui.
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