FERNANDO DE NORONHA: o relato da Marcelle com tudo explicadinho...

E minha felicidade agora triplicou. Convidei minha amiga Marcelle Aquino, uma pernambucana linda e simpática que conheci na Chapada Diamantina e tem um gosto parecido com o meu: gosta de natureza. E o destino não poderia ser outro: Fernando de Noronha. Gente, babem nas fotos e no relato. Peguem as dicas e compartilhe.
Morro dos Dois Irmãos visto da praia da Cacimba do Padre

O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por vinte e uma ilhas, numa extensão de 26 km², tendo uma principal - a maior de todas também chamada "Fernando de Noronha" -, como única ilha habitada, com 17 km².
As demais estão contidas na área do Parque Nacional Marinho e são desabitadas, só podendo ser visitadas com licença oficial do IBAMA. No Arquipélago, se tem a sensação de estar em uma parte do Brasil que deu certo, à 545 km da costa pernambucana, onde vive uma população de apenas 3.500 habitantes e o turismo é desenvolvido de forma sustentável, criando a oportunidade do encontro equilibrado do homem com a natureza em um dos santuários ecológicos mais importantes do mundo.


Como chegar? O primeiro passo é chegar até Recife, capital de Pernambuco ou Natal, capital do Rio Grande do Norte. Existem vôos diários partindo das principais capitais do país para esses locais e, a partir deles, saem vôos (da Azul ou da Gol) para a ilha .

Que recepção é essa?!!!

É essencial o planejamento antecipado da viagem e organizar o orçamento com antecedência, pois turistar em Noronha é caro. Para se ter idéia, grande parte da água doce de lá é proveniente de processo de dessalinização e tudo o que é consumido e vendido vem do continente, então o valor cobrado nos serviços aparentemente é acrescido de um percentual por causa desse trânsito.
Igreja Nossa Senhora dos Remédios no Sítio Histórico
Sabendo dessas coisas, chamei duas amigas e mais um casal e compramos em janeiro as passagens pra setembro (mês considerado de alta temporada, devido ao clima e menor possibilidade de ocorrência de “swell”, ou seja, águas lindíssimas). Já em março, contactamos algumas pousadas e escolhemos a Pousada da Maga que aparentou o melhor custo-benefício. Poderia ficar horas só descrevendo o bom atendimento e hospitalidade da Gê e da Rai, funcionárias da pousada. A pousada é simples, porém bem localizada, aconchegante e tem um café da manhã bem gostoso. A reserva desta pousada nos garantiu o transfer pousada-aeroporto e aeroporto-pousada com a empresa Atalaia receptivo.

Antes de viajar, achamos melhor pagar com antecedência a taxa de preservação ambiental, que é a taxa de permanência na ilha e atualmente custa R$64,25 por dia que você fica na ilha. É obrigatório o pagamento desta logo no desembarque, então pagá-la antecipadamente só vai agilizar o processo de chegada. Neste link (clique aqui) você encontra o site para o pagamento. Além desta, também é necessário pagar a taxa do parque nacional marinho, que na teoria não é obrigatória, porém em algumas praias você só terá acesso se tiver pago a mesma, que custa R$89,00 para visitantes brasileiros, disponível neste link, ou no quiosque do ICMBio na ilha. Com esta taxa paga, você recebe no quiosque do ICMBio um cartão que deverá ser apresentado em algumas praias. Para o cadastro e pagamento de ambas as taxas você precisará informar data de chegada e saída da ilha.

Às vésperas da viagem contactei uma empresa de mergulho autônomo, indicada por um amigo, a Mar de Noronha para tentar um agendamento e fui muito bem atendida e eles me informaram da previsão de entrada de um “swell” exatamente para a semana de minha chegada, mas que seria possível o mergulho no primeiro dia da minha estadia. Então marquei logo. Só pra esclarecer, o swell é uma perturbação na superfície da água que se forma em alto-mar e, ao encontrar um pedaço de terra, gera ondas. Para os surfistas é tudo de bom, mas para quem quer boa visibilidade do mar é um estraga-prazeres

Nessa viagem eu aprendi bem a importância de agendar tudo com antecedência hehehe..

Levando em consideração a alta temporada, decidimos reservar também os passeios, e optamos por fazer o Ilha Tour, um passeio de barco e a prancha submarina, todos pela empresa Atalaia Receptivo. Existem diversas empresas e os preços são quase que tabelados, então optamos por esta por recomendação de outra amiga que tinha utilizado os serviços.

Na hora de fazer as malas, coloquei alguns lanches e água, já sabendo que “tudo é caro e água é ouro”.

Nosso vôo chegou no final da tarde da quinta-feira, então não deu tempo de fazer muita coisa além de conhecer os arredores da pousada e jantar no Ginga Bar e Restaurante, que tem música ao vivo e a comida deliciosa. A comida demorou um bocado pra chegar, mas no final da estadia, percebemos que na maioria dos lugares demora bastante também. Sobre os preços, no geral não se gastará menos de R$40,00 numa refeição em nenhum lugar da ilha.
Parte do cardápio do Engenho São Miguel, mostrando a sinalização de alimentos para os "alérgicos"
Na sexta feira logo cedo, eu e minha amiga corajosa, pegamos um ônibus e fomos ao Porto de Santo Antônio encontrar o Bodão e sua equipe do Mar de Noronha. Pessoal gente fina, atenciosos e super preparados para mergulho. Olha o vídeo que lindo:

Após o treinamento na praia, entramos no mar e começamos o treinamento com o equipamento e quando tudo estava devidamente ajustado, começamos a ganhar profundidade e fomos logo recepcionados por tartarugas, que estavam em todas as partes. Encontramos uma grande diversidade de peixes e até ficamos bem próximos de arraias, tudo sem invadir o espaço deles e com segurança. Também adentramos em um navio grego naufragado em 1937. Uma maravilha, difícil expressar o sentimento de mergulhar ali. Levei minha go pro, mas também contratei o serviço de fotografia da Roberta Viegas, o que valeu muito a pena...as fotos e vídeos que ela fez ficaram lindos!


Vista do naufrágio no mergulho com o Bodão (Mar de Noronha). Foto: Roberta Viegas
Na hora do almoço encontramos as outras pessoas do grupo e fomos ao recomendadíssimo Xica da Silva. Muito bom! E depois um banho de mar na Praia do Cachorro, que tem guarda sol e lugar pra comprar bebida e petisco. À noite fomos conhecer o forró do Bar do Cachorro, tão falado e animado!
Praia do Cachorro

No dia seguinte fizemos o passeio do Ilha tour, que seria uma apresentação da ilha e faz parada nas principais praias. Cada uma mais linda que a outra. A guia, Nega, chegou bem cedo num carro 4x4 pra buscar na pousada. Uma figura e mora na ilha a bastante tempo, e deu dicas preciosas. A companhia dela já valeria o passeio! 
Mirante da Praia do Sancho

Primeira parada, Praia do Sancho, na Baía do Sancho, eleita a melhor praia do mundo pelos usuários do TripAdvisor. A praia é isolada e coberta por vegetação nativa, sendo limitada por uma alta falésia. A baía permite a parada de embarcações para banho, sem causar danos aos corais: uma das poucas na ilha em que isso é possível. A trilha e escadarias que levam até a praia mereceriam comentários à parte, porém o visual dos mirantes que permitem ver a lindíssima Baía dos Porcos e a Praia da Cacimba do Padre do alto, com o famoso Morro dos Dois Irmãos entre elas, tiram as palavras.

Morro Dois Irmãos e Baía dos Porcos
Nesta parada da praia do Sancho é permitido o banho de mar (snorkel é indispensável) e não existe ponto de venda de alimentos na praia, ou seja, importante levar água! Para acesso a esta praia, é preciso ter a taxa do parque nacional marinho paga e apresentar o cartão.
mais Praia do Sancho vista do mirante

Daí seguimos para o Mirante da Praia do Leão, que tem esse nome em função da formação rochosa dentro do mar que se assemelha a um leão-marinho deitado. Ao lado, fica o Morro da Viuvinha cheio de ninhos de pássaros. Esta praia é uma das escolhidas pelas tartarugas marinhas para desovar no período de janeiro a junho e é possível acompanhar o nascimento das tartaruguinhas com agendamento junto ao pessoal do Projeto Tamar.
Mirante da Praia do Leão
Do mirante da Praia do Leão seguimos para a Praia do Sueste (mais uma vez, precisa apresentar o cartãozinho). A Baía do Sueste fica no mar de fora e lá é possível fazer um mergulho de flutuação sobre uma área de corais acompanhado de um guia, no qual se vê com facilidade tartarugas, arraias e tubarões. Eu preferi ficar na área permitida para banho e fotografar os tubarões bem de perto.

Praia do Sueste, onde você encontra tubarões facinho, facinho
Praia do Sueste

Hora do almoço, a guia nos levou ao Point da Cacimba para conhecer o famoso peixe na folha da bananeira, que é delicioso. Restaurante bem simples e aconchegante e os preços seguem o padrão Noronha.

Terminado o almoço, seguimos caminhando pela Praia da Cacimba do Padre para ver de pertinho o cartão postal da ilha (Morro Dois Irmãos) e admirar a beleza da Baía dos Porcos.
Baía dos Porcos
Final de tarde, fizemos uma visita ao Museu do Tubarão e finalizamos com a belíssima visão do Pôr do Sol no mirante do Boldró pra fechar o passeio com chave de ouro.
Museu do Tubarão

Pôr do Sol no Mirante do Boldró

À noite, fomos ao famoso festival de gastronomia do restaurante Zé Maria, que precisa de agendamento com cerca de um mês de antecedência e só acontece quartas e sábados. Caro mas pra quem gosta de apreciar boa comida, vale a pena! O anfitrião da festa é o Zé Maria, que apresenta os pratos e recebe todos os presentes com muita simpatia.
Festival Gastronômico Zé Maria

No domingo pela manhã, fizemos o passeio de barco que contorna a ilha na parte conhecida como mar de dentro, que vai do Porto à Ponta da Sapata


Neste passeio, além do visual incrível, um show à parte é dado pelos Golfinhos que acompanham a embarcação entre a Baía dos Golfinhos e Baía do Sancho. Golfinhos rotador que segundo o guia, fazem isto como uma estratégia de defesa na qual os machos distraem os barcos para longe de onde estariam as fêmeas e filhotes...São muito lindos! Olha mais um vídeo:


O barco faz uma parada para mergulho na Praia do Sancho e tem muita vida marinha pra observar! Só não foi melhor devido a presença do Swell que diminuiu a visibilidade da água.

Finalizado o passeio, fomos almoçar no restaurante Varanda. Comida deliciosa e neste lugar o pedido chegou bem rápido.

À tarde, o ônibus do Atalaia foi nos buscar e encaminhar para o Porto, onde a embarcação seguiu para o divertido passeio de prancha subaquática! A pessoa fica de snorkel segurando uma pranchinha que é puxada pelo barco..além da boa sensação da prancha ser puxada, é possível ver a diversidade marinha na região (no meu caso um pouco comprometida pela presença do swell).
Prancha subaquática
A noite foi de pizza e samba.

No dia de voltar ainda deu pra dar uma caminhada nas Praias da Conceição e Praia do Meio e procurar algo de artesanato pra levar de lembrancinha. Eu particularmente achei que existiam poucas opções de lembrancinha que fossem “a cara da ilha” e ainda assim, tudo bem caro... chaveiro na faixa de R$18,00. Almoçamos no Empório São Miguel (só pra variar a comida era deliciosa) e ainda tinha a opção de self-service pra quem estivesse com mais pressa.

Uma coisa que me chamou a atenção na ilha foi a presença das Mabuyas, um tipo de pequeno lagarto de cauda longa encontrados em todos os lugares da ilha. Achei os bichinhos bem simpáticos e curiosos, eles não ficam intimidados com a presença das pessoas e estão sempre por perto.
mabuyas

De volta pra minha terrinha já estou com saudades desse lugar lindo e receptivo que é Noronha. Lá se anda com uma sensação de tranquilidade e o sinal ruim de celular ajuda a dar aquela desligada do estresse diário. Espero em breve voltar e conhecer o restante da ilha que não deu tempo nessa primeira ida.

Que relato delicioso não é? Eu fiquei babando na paisagem e quem sabe um dia eu consiga visitar Noronha. Muito agradecida a Marcelle pela colaboração! 



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