e descobrir que este trecho encontra-se no livro
Mar Sem Fim, e comprei o livro. Porém, mais do que viagens espetaculares, na verdade, expedições, os relatos de Amyr, são excelentes exemplos de organização e planejamento. Considero leitura fundamental para aqueles que amam viajar e compartilhar informações sobre viagens.
Cem dias entre céu e mar, relata todo o planejamento e execução da travessia de
Luderitz, uma cidade da Namíbia, na costa da África, até o Brasil em cem dias a bordo de um barco a remo e sozinho.
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Porto de Luderitz, Namíbia |
E a partida?
Estamos falando de uma viagem planejada, lembra? Então, Luderitz foi escolhida pois é desta região da costa africana que começa a Corrente Marítima de Benguela que tem sentido norte e depois se encontra com a Corrente Sul-Equatorial e depois com a Corrente do Brasil. Seguindo estas Correntes, o Amyr conseguiria chegar ao Brasil. O barco saiu do Rio de Janeiro em um navio e Amyr partiu de Luderitz em 10 de Junho de 1984.
E as roupas?
Ele deve ter levado umas 2 malas de 32kg cada, e uma mala de mão? Também não. A quantidade de roupa era proporcional ao tamanho do barco, e num dado momento, ele desistiu das roupas e passou a usar um "uniforme de trabalho", um macacão de mergulho, com o qual suportava as águas frias e geladas do oceano.
E a comunicação?
Ele se comunicava mais com os navegadores ao seu redor que estavam preocupados com ele e lhe informavam acerca de posição e tempo, como exemplo, o Ayres da embarcação brasileira Felipe Camarão. Será que o Amyr mandava foto de tudo, a todo momento e alimentava o instagram e o facebook diariamente? Esta travessia foi feita em 1984 quando não existia a tecnologia do GPS, assim, ele se comunicava com amigos e familiares, através de um radioamador, a princípio diariamente, mas depois ele viu que isso tomava muito tempo e no final ele não ficava sabendo notícias de ninguém, então ficou ainda mais rara a comunicação com amigos e familiares.
E não ter uma companhia?
Tem um trecho que me fez rir:
"O grande problema de estar sozinho era não ter com quem reclamar das coisas que não iam bem. ... Ás vezes dava graças a Deus por estar só e, num momento difícil, poder decidir com calma e sem pressões. ... Um segundo tripulante não teria durado muito tempo a bordo."
E a solidão?
O Amyr relata: " E, isolado, também não estava. Ao redor, tudo era sinal de vida. Gaivotas e aves marinhas de todo tipo, as ondas com quem discutia, pilotos e fiéis dourados aumentando dia a dia. as imensas e amáveis baleias e mesmo os desagradáveis tubarões me faziam companhia...
Tudo, menos solidão!"
E qual foi o primeiro lugar que Amyr Klink colocou os pés ao chegar ao Brasil??? Diz aí... advinha... na Bahia! Claro, nas águas da Praia da Espera, próximo a Praia do Forte. Não haveria lugar melhor. Ele poderia ter ido mais ao Norte, para Aracaju, ou mais ao Sul, para Morro de São Paulo. O Amyr perseguiu este destino por longos dias e conseguiu chegar em 18 de Setembro de 1984, numa tarde de terça feira.
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Chegada em Salvador em 19 de Setembro de 1984 |